Já reparaste que, mesmo quando temos a preocupação de não sucumbir a preconceitos, nem fazer juízos de valor, eles surgem dentro da nossa cabeça? Acabamos de conhecer alguém e já temos a sensação de que 'este homem é muito profissional!', 'esta mulher é super determinada', ou então 'esta pessoa não faz ideia do que está a fazer', 'não me inspira confiança', etc.
De certeza já conheceste pessoas que mais tarde te surpreenderam grandemente, pela negativa ou pela postiva, quando descobriste mais sobre elas. Quando temos oportunidade de conhecer melhor alguém, podemos desfazer estas primeiras impressões, mas quanta gente teremos avaliado erradamente, sem nunca termos tido oportunidade de desfazer o equívoco? Mais importante ainda, quantas pessoas estarão a avaliar-nos erradamente, sem que nos apercebamos disso?
“No que toca ao estilo pessoal, o teu aspecto diz muito sobre a tua pessoa... mas que tipo de mensagem estarás realmente a passar?” pergunta Stacey London no arranque do programa de televisião 'Love, Lust or Run'. A intervenção desta consultora de moda Americana neste programa roça a psicoterapia. Os participantes aparecem, na sua maioria, com um aspecto exterior assustador e cheios de inseguranças e sentimentos de limitação. É extraordinário observar no fim dos episódios a transformação que parece surgir em termos de atitude e auto-estima (quem nunca viu o programa pode espreitar o trailer aqui ao lado).
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O facto destes programas de makeover terem audiências elevadas durante anos a fio é uma boa pista sobre a importância deste tema, mas não foi só a televisão que percebeu disso. Em 1997 foi fundada nos EUA uma organização sem-fins-lucrativos que se tem dedicado desde então a empoderar mulheres, ajudando-as a criar um guarda roupa mais profissional, dando-lhes ferramentas e uma rede de apoio. Hoje em dia a Dress for Success (Vestir para o Sucesso) está espalhada por 20 paízes e 150 cidades, incluíndo Lisboa e em associação com a Junta de Freguesia de Santo António.
A ciência* corrobora que o impacto da nossa 'camada externa' é mais do que superficial: o que estás a vestir pode estar a influenciar a tua capacidade de pensar e negociar, e até os teus níveis hormonais e ritmo cardíaco.
A pergunta importante que te ofereço hoje é: “como é que a forma como te apresentas está a influenciar o teu comportamento e o das pessoas à tua volta?”
Já agora aproveita, põe mãos-à-obra e pede feed-back**! Talvez te surpreendas com as respostas, mas é tudo material válido para te ajudar a perceber se há uma diferença entre a impressão que estás a causar, e a forma como gostavas de ser percebido. Experimenta perguntar às pessoas que te rodeiam:
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Que possas mostrar por fora o que de melhor de ti tens a oferecer por dentro!
Tua Coach,
Mina
* Para os mais rigorosos que quiserem mergulhar nos artigos científicos:
- Adam, H.; Galinsky, A., 2012. Enclothed cognition. Journal of Experimental Social Psychology. Volume 48, Issue 4, July 2012, Pages 918–925
- Kraus, M.; Mendes, W. 2014. “Sartorial symbols of social class elicit class-consistent behavioral and physiological responses: A dyadic approach.” Journal of Experimental Psychology: General, Vol 143(6), Dec 2014, 2330-2340.
- Michael, S., et al. 2015. The Cognitive Consequences of Formal Clothing. Social Psychological and Personality Science August 2015 vol. 6 no. 6 661-668